terça-feira, junho 27, 2006

Níobre Transformada em Fonte - Sophia de Mello Andresen


Níobre Transformada em Fonte
SOPHIA DE MELLO ANDRESEN

Os cabelos embora o vento passe
Já não se agitam leves.
O seu sangue,
Gelando, já não tinge a sua face.
Os olhos param sob a fonte aflita.
Já nada nela vive nem se agita,
Os seus pés já não podem formar passos,
Lentamente as entranhas endurecem
E até os gestos gelam nos seus braços.
Mas os olhos de pedra não esquecem.
Subindo do seu corpo arrefecido,
Lágrimas lentas rolam pela face,
Lentas rolam, embora o tempo passe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário