terça-feira, maio 16, 2006

SANGUE - RICARDO EVANGELISTA


SANGUE
Autor:RICARDO EVANGELISTA
Meu canto encanta-se de liberdade
Que desde cedo a poesia enlaça,
Não faço versos por vaidade
Eu faço versos é por pirraça.
Tenho no sangue a minha terra:
O frio do mineral do seio da serra,
O vento veloz da montanha
E melancolia que emana dos antigos currais.
Tenho no sangue a prosa cabocla
Junto ao fogão de lenha,
O cigarro no canto da boca
E a ousadia no bico da pena.
Tenho no sangue vales e montes,
Dos horizontes, do mais belo venho,
Levo o olhar limpo e desconfiado
Para o inimigo que não desdenho.
Tenho algumas heranças do passado;
Da avó negra levo o sonho,
Da branca a saudade
Do meu tetravô tupi herdei poesia,
( eu faço versos como quem ama e arde! ).
Tenho no sangue Casa-Grande e Senzala,
Macas de chibata que me ensinaram a dizer não,
E todas as ruas e estradas da minha terra
Atravessam a palma da minha mão.
Não sou erudito, nem purista,
Faço versos por vício e por paixão
O fogo que meu verbo saliva
Advém da beleza deste chão.

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