sábado, maio 27, 2006

Cem Sonetos de Amor - Pablo Neruda Soneto - Soneto - XII


Cem Sonetos de Amor - Pablo Neruda Soneto -
Soneto - XII

PLENA MULHER, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
Que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos
e dois corpos por um só mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia

corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra um raio.

(Pablo Neruda)
do livro: Cem Sonetos de Amor
tradução: Carlos Nejar
Fonte: http://www.teiadosamigos.com.br/neruda/sonetos/nerudaXII.html

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