João Neto está a digerir a medalha de ouro na Taça do Mundo. Já pensa no Campeonato da Europa e quer ficar nos sete primeiros.
O telemóvel do judoca da ACM não pára um minuto. As entrevistas sucedem-se e João Neto aceita com naturalidade os convites da comunicação social. A transmissão na RTP deu à medalha de ouro conquistada em Lisboa “um sabor especial”.
O apoio do público foi fundamental e a carreira segue dentro de momentos. “Tenho de recuperar de um toque no joelho e espero que não seja nada de grave. Quero começar a treinar o mais depressa possível, pois o “Europeu” está à porta”, confessou ao DIÁRIO AS BEIRAS.
João Neto “dormiu muito mesmo” após a saborosa vitória no Pavilhão do Benfica e garante que “foi o que me safou, pois estava de rastos”. Coimbra vibrou com a medalha de ouro e as mensagens “foram mais que muitas, dos meus amigos e de pessoas que nem conheço”. Anteontem, no telemóvel, o judoca contava 26 mensagens e 11 chamadas não atendidas, o que considera “entusiasmante”. Na rota do “Europeu”, as contas fazem–se com humildade devido “à nova categoria em que vou participar, mas com vontade de obter um bom resultado, ou seja entre os sete primeiros”. Pelo meio da conversa, o alerta: “Até aos Jogos Olímpicos de Pequim vou continuar a abdicar um pouco da faculdade, apesar de estar no 5.º ano e de ter planos para concluir as disciplinas que faltam. Mas, senão surgirem outros apoios, terei de deixar o judo”. A seguir, o retrato sem papas na língua da realidade lusa: “Em Portugal, as coisas estão centralizadas em Lisboa. Quem está em Lisboa tem outras condições e isso não acontece nos outros países. A situação económica de alguns países é, também, mais favorável, o que proporciona melhores condições aos atletas. Mas, em Portugal, também se trabalha bem e os resultados estão à vista”. E não é mero acaso. João Neto garante: “Sofremos muito”.
FAUSTO CARVALHO
O técnico de João Neto considera a medalha de ouro “muito importante para o João, pela força que lhe dá nesta nova experiência, na categoria de 81 quilos, muito embora, há 15 dias, tenha conquistado uma medalha de ouro em Minsk noutro torneio da Taça do Mundo”. O “ânimo” da medalha, afirma Fausto Carvalho, “é muito importante para o futuro nesta categoria” e, para a evolução da modalidade, “os resultados positivos dos atletas conhecidos, como o João, que já foi medalha de bronze no campeonato do mundo e já foi 7.º no Jogos Olímpicos, se forem bem aproveitados, e não mal, como tantas vezes tem acontecido do ponto de vista regional, podem captar mais jovens para a modalidade”. O treinador “espera que a ACM, onde o João treina todos os dias” beneficie do resultado obtido, em Lisboa, pelo judoca. A melhoria dos apoios e das condições de trabalho é essencial, já que “um atleta deste nível precisa de uma estrutura complexa e que envolve várias áreas”. E Fausto Carvalho é peremptório: “O João Neto, neste momento, é um fórmula 1 do judo em Portugal e da Europa. Em Lisboa, bateu–se com os melhores atletas da Europa e defrontou na final um dos melhores atletas do mundo na categoria”. Na prática, é necessário “um trabalho estruturado como se fosse a nível profissional. Caso contrário, não funciona, pois é efectuado um grande esforço quer pelos atletas, quer por todas as pessoas que os rodeiam”. A alta competição tem um nível de exigência muito elevado, bastando lembrar que, “dentro de 15 dias, começam os testes e os treinos específicos para o Campeonato da Europa, o que tem várias implicações”. O esforço económico e financeiro dos clubes, nomeadamente da ACM, tem de ser encarado de uma forma diferente, pois, apesar dos “muitos atletas de alto nível que tem dado ao judo nacional - César Nicola, Nuno Carvalho, Sandra Godinho, entre outros –, não recebe um tostão para fazer este trabalho”. Os subsídios, afirma, “só chegam quando um deles ganha uma medalha no Campeonato da Europa ou no Mundial”.
Fonte: http://www.asbeiras.pt/
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