A SAGA DO JUDÔ
Muitos de nós assistiram ao filme clássico de Akira Kurosawa, exibido com o nome “A Saga do Judô”, e é comum a dúvida em relacionar esta história, com o desenvolvimento do Judô Kodokan, a partir da trajetória do Mestre Jigoro Kano. O fato de que as versões exibidas no Brasil, serem normalmente em inglês ou japonês não facilitam as coisas. Esta matéria visa elucidar aspectos do filme cujo título original é Sanshiro Sugata.
Sobre o Filme
Baseado no romance de Tsuneo Tomita, o filme aborda um tema comum na filmografia Kurosawa: o do aprendizado da vida. A ação transcorre em 1882, no período Meiji quando um jovem, Sugata Sanshiro (Susumu Fujita), abandona o jiu-jitsu e se consagra no judô, uma nova luta que exige, além da técnica e do preparo físico, um aperfeiçoamente espiritual.
Na sua estréia como diretor, Kurosawa revela surpreendemente capacidade aos 33 anos, vislumbrando-se já alguns elementos de seu estilo, como o uso peculiar do flash-back e das cortinas, a montagem rápida e a extraordinária economia de meios de expressão no modo de narrar a história.
Na sua estréia como diretor, Kurosawa revela surpreendemente capacidade aos 33 anos, vislumbrando-se já alguns elementos de seu estilo, como o uso peculiar do flash-back e das cortinas, a montagem rápida e a extraordinária economia de meios de expressão no modo de narrar a história.
"Sugata foi meu primeiro filme como diretor. Em filmes anteriores como Uma (dir: Yamamoto), exercia tantos encargos que já me sentia como diretor. Seja como for, em Sugata não me senti como estreante. Entretanto, o pessoal que trabalhava comigo na ocasião me contou que, quando gritei pela primeira vez 'câmara, ação', minha voz parecia muito estranha." (Akira Kurosawa)
Sugata Sanshiro foi refilmado em 1955, 1965, 1970 e 1977, respectivamente por Shigeo Tanaka, Seichiro Uchikawa, K. Watanabe e K. Okamoto, sendo a versão de 1965, exibida no Brasil como A Saga do Judô, co-produzida, readaptada e montada por Kurosawa.
Cia. Prod: Toho. Prod: Keiji Matsuzaki. Rot: A. Kurosawa bas. rom. Tsuneo Tomita. Foto: Akira Nimura. Mus: Seichi Suzuki. Dir. Arte: Masao Totsuka. El: Susumu Fujita, Denjiro Okochi, Takashi Shimura, Yukiko Todori, Yoshio Kosugi, Ranko Hanai, Ryunosuke Tsukigata, Akitake Kono, Soshi Kiyokawa, Kunio Mita, Akira Nakamura, Sugisaku Aoyama, Kuninori Kodo, Ichiro Sugai.
* Fonte do texto acima: Revista Cinemin - n°22 - 5ª edição - Março/Abril 1986 - Editora Brasil-América S.A.
Sobre o Personagem Sugata Sanshiro
“Em 1883, o Dr. Kano dividiu seus estudantes em dois grupos, dos não-graduados (mudansha) e dos graduados (yudansha), de acordo com Naoki Murata, diretor do museu de judo do Kodokan. Os primeiros yudansha, ou grau Shodan, eram dois estudantes famosos no Kodokan nesse tempo, nomeados Tsunejiro Tomita e Shiro Saigo. Estes dois estudantes foram também os primeiros promovidos a segundo dan um ano mais tarde.
Shiro Saigo, imortalizado no romance de ficção de Tsuneo Tomita, o "Sugata Sanshiro," e nas adaptações nos filmes de Akira Kurosawa (década de 40) sobre os infames torneios entre o judo e o jujutsu, pulou o terceiro dan e foi promovido diretamente a quarto dan no ano seguinte, em 1885, relata Muraka. Neste período, todas as graduações de Dan foram anunciadas diretamente pelo Dr. Kano ou fixadas em placas no Kodokan.
No 70º aniversário do Kodokan, este possuía 500 tatames e seus adeptos somavam milhões por todo o mundo. Mas nem tudo foram flores no caminho ascendente do Judô. A subida vertiginosa do Judô na preferência da população criou muitas rivalidades. Mestres de Jujutsu desafiavam o Kodokan quase diariamente, alegando que Kano havia deturpado a sua arte e acrescentado eementos estrangeiros. Para fazer frente a essas ameaças, o jovem Kodokan possuía um time de primeira, composto por antigos Mestres de Jujutsu que haviam se juntado ao Mestre Kano. Entre esses, quatro se destacavam: Tsunejiro Tomita, Sakujiro Yokoyama, Yoshikazu Yamashita e Shiro Saigo, chamados de Shitenno, "Os Quatro Senhores Celestiais", verdadeiros guerreiros que carregavam o nome do Kodokan em combates ferozes. Destes, o mais célebre era sem dúvida Shiro Saigo. Filho adotivo do Grande Mestre Tanomo Saigo, líder do Daito-Ryu Aikijujutsu, ele acabou rompendo com o Aikijujutsu para se juntar a Kano, revelando-se um dos melhores lutadores que o Japão já viu. Em 1886 a Polícia Metropolitana de Tóquio realizou uma competição para escolher o sistema marcial que seria utilizado pela polícia. Representantes de Jujutsu, Kenjutsu e de diversos outros estilos de artes marciais se apresentaram para os combates. Entre eles estava o grupo do Mestre Hikosuke Totsuka, do Totsuka-Ha Yoshin Ryu, feroz adversário do Kodokan. Mestre Totsuka era considerado o maior Mestre de Jujutsu do último shogunato, anterior à Restauração Meiji. Mas todas as atenções se concentravam nos representantes do pequeno Dojô inaugurado a apenas quatro anos.
No dia 11 de junho de 1886, no santuário Yayoi, os combates finalmente se desenrolaram. Lembramos que nessa época não havia ainda as regras competitivas, sendo cada combate uma luta total até que um deles não pudesse continuar. Tomita e Yamashita venceram suas lutas, enquanto Yokoyama empatava numa luta histórica que levou 55 minutos, sem pausa. Dos "Quatro Senhores Celestiais", faltava ainda Shiro Saigo. Ele enfrentou Entaro Ukiji, do Totsuka-Ha Shinto Ryu, um verdadeiro gigante frente ao diminuto Saigo. Quando a luta se iniciou, Saigo foi agarrado pelo kimono e lançado no ar. Para espanto da multidão, deu um giro completo e caiu em pé. Ele então agarrou Ukiji e o desequilibrou, girando-o num pequeno círculo. Era o lendário Yama Arashi ("Vento da Montanha"). Este era um golpe que somente Shiro Saigo conseguiu realizar perfeitamente e que segundo alguns autores era derivado do Aikijujutsu, sendo sua marca registrada. Seu oponente aterrissou com um estalo nas costas. Não satisfeito, levantou-se tonto e tentou atacar novamente Saigo, que terminou o serviço.Dos 15 combates disputados, o Kodokan venceu 12 lutas, empatou uma e perdeu 2.
Essa aprovação pública foi o impulso que o Judô necessitava para galgar os altos degraus que a ele estavam destinados.
Além disso, Sugata Sanshiro serviu de base para o personagem fictício Segata Sanshiro, mascote do Sega Saturn.”
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sugata_Sanshiro
Sugata Sanshiro foi refilmado em 1955, 1965, 1970 e 1977, respectivamente por Shigeo Tanaka, Seichiro Uchikawa, K. Watanabe e K. Okamoto, sendo a versão de 1965, exibida no Brasil como A Saga do Judô, co-produzida, readaptada e montada por Kurosawa.
Cia. Prod: Toho. Prod: Keiji Matsuzaki. Rot: A. Kurosawa bas. rom. Tsuneo Tomita. Foto: Akira Nimura. Mus: Seichi Suzuki. Dir. Arte: Masao Totsuka. El: Susumu Fujita, Denjiro Okochi, Takashi Shimura, Yukiko Todori, Yoshio Kosugi, Ranko Hanai, Ryunosuke Tsukigata, Akitake Kono, Soshi Kiyokawa, Kunio Mita, Akira Nakamura, Sugisaku Aoyama, Kuninori Kodo, Ichiro Sugai.
* Fonte do texto acima: Revista Cinemin - n°22 - 5ª edição - Março/Abril 1986 - Editora Brasil-América S.A.
Sobre o Personagem Sugata Sanshiro
“Em 1883, o Dr. Kano dividiu seus estudantes em dois grupos, dos não-graduados (mudansha) e dos graduados (yudansha), de acordo com Naoki Murata, diretor do museu de judo do Kodokan. Os primeiros yudansha, ou grau Shodan, eram dois estudantes famosos no Kodokan nesse tempo, nomeados Tsunejiro Tomita e Shiro Saigo. Estes dois estudantes foram também os primeiros promovidos a segundo dan um ano mais tarde.
Shiro Saigo, imortalizado no romance de ficção de Tsuneo Tomita, o "Sugata Sanshiro," e nas adaptações nos filmes de Akira Kurosawa (década de 40) sobre os infames torneios entre o judo e o jujutsu, pulou o terceiro dan e foi promovido diretamente a quarto dan no ano seguinte, em 1885, relata Muraka. Neste período, todas as graduações de Dan foram anunciadas diretamente pelo Dr. Kano ou fixadas em placas no Kodokan.
No 70º aniversário do Kodokan, este possuía 500 tatames e seus adeptos somavam milhões por todo o mundo. Mas nem tudo foram flores no caminho ascendente do Judô. A subida vertiginosa do Judô na preferência da população criou muitas rivalidades. Mestres de Jujutsu desafiavam o Kodokan quase diariamente, alegando que Kano havia deturpado a sua arte e acrescentado eementos estrangeiros. Para fazer frente a essas ameaças, o jovem Kodokan possuía um time de primeira, composto por antigos Mestres de Jujutsu que haviam se juntado ao Mestre Kano. Entre esses, quatro se destacavam: Tsunejiro Tomita, Sakujiro Yokoyama, Yoshikazu Yamashita e Shiro Saigo, chamados de Shitenno, "Os Quatro Senhores Celestiais", verdadeiros guerreiros que carregavam o nome do Kodokan em combates ferozes. Destes, o mais célebre era sem dúvida Shiro Saigo. Filho adotivo do Grande Mestre Tanomo Saigo, líder do Daito-Ryu Aikijujutsu, ele acabou rompendo com o Aikijujutsu para se juntar a Kano, revelando-se um dos melhores lutadores que o Japão já viu. Em 1886 a Polícia Metropolitana de Tóquio realizou uma competição para escolher o sistema marcial que seria utilizado pela polícia. Representantes de Jujutsu, Kenjutsu e de diversos outros estilos de artes marciais se apresentaram para os combates. Entre eles estava o grupo do Mestre Hikosuke Totsuka, do Totsuka-Ha Yoshin Ryu, feroz adversário do Kodokan. Mestre Totsuka era considerado o maior Mestre de Jujutsu do último shogunato, anterior à Restauração Meiji. Mas todas as atenções se concentravam nos representantes do pequeno Dojô inaugurado a apenas quatro anos.
No dia 11 de junho de 1886, no santuário Yayoi, os combates finalmente se desenrolaram. Lembramos que nessa época não havia ainda as regras competitivas, sendo cada combate uma luta total até que um deles não pudesse continuar. Tomita e Yamashita venceram suas lutas, enquanto Yokoyama empatava numa luta histórica que levou 55 minutos, sem pausa. Dos "Quatro Senhores Celestiais", faltava ainda Shiro Saigo. Ele enfrentou Entaro Ukiji, do Totsuka-Ha Shinto Ryu, um verdadeiro gigante frente ao diminuto Saigo. Quando a luta se iniciou, Saigo foi agarrado pelo kimono e lançado no ar. Para espanto da multidão, deu um giro completo e caiu em pé. Ele então agarrou Ukiji e o desequilibrou, girando-o num pequeno círculo. Era o lendário Yama Arashi ("Vento da Montanha"). Este era um golpe que somente Shiro Saigo conseguiu realizar perfeitamente e que segundo alguns autores era derivado do Aikijujutsu, sendo sua marca registrada. Seu oponente aterrissou com um estalo nas costas. Não satisfeito, levantou-se tonto e tentou atacar novamente Saigo, que terminou o serviço.Dos 15 combates disputados, o Kodokan venceu 12 lutas, empatou uma e perdeu 2.
Essa aprovação pública foi o impulso que o Judô necessitava para galgar os altos degraus que a ele estavam destinados.
Além disso, Sugata Sanshiro serviu de base para o personagem fictício Segata Sanshiro, mascote do Sega Saturn.”
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sugata_Sanshiro
Prezado Domingos
ResponderExcluirEu, como voce,adoro judo. Tenho 51 anos, e pratiquei até cerca de 10 anos atrás, quando as contusões começaram a me atrapalhar profissionalmente. Para voce entender, tive torções praticamente em todas as articulações, tendo tido estiramentos e rutura de ligamentos no ombro direito.Mas nada disso tem importancia porque não impede o meu amor pelo judo. Sou da "antiga", e sempre levei o judo muito a sério.Treinei e competi com grandes nomes.Se voce tiver informação sobre como posso conseguir " a saga do Judo", versão de 1965 (e as outras!!), me informe pelo email: arturapelbaum@ig.com.br
um forte abraço
Eu pratico karate estilo gojuryu shobucan de Okinawa de mestre Morihiro Yamauchi introdutor do estilo no Brasil, assisti a esse filme acho que em 1966 nunca me esqueci, é em branco em preto com musica maravilhosa fotografia fantastica peço que me ajudem,a conseguir encontra o filme meu email celeste.antonio@uol.com.br abraço a todos
ResponderExcluirComo os dois comentários, gostaria de adquirir o filme "A Saga do Judô" vencedor do 1ºFestival Internacional do Filme do Rio de Janeiro em 1965.
ResponderExcluirAbraços,
Kleris de Souza Albernaz, e-mail: kleris@bol.com.br
Se vc ainda não adquiriu o filme Saga do Judô, pode ir à ou telefonar e encomendar na Livraria Saraiva. Hoje mesmo meu marido conseguiu pois havia encomendado. O filme é em preto e branco mas ele gostou.
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