quinta-feira, março 30, 2006

Velhos demais?


Esporte para a vida inteira
Por Renata Menezes

A imagem de vovós fazendo crochê e cochilando no sofá da sala não existe para quem tem paixão por esporte. Pelo menos essa é a opinião de Zwinglio Wey Moreira, 63 anos, jogador de vôlei e basquete do time de Piracicaba e professor de educação física aposentado da Universidade de Campinas (Unicamp). "Eu é que não vou envelhecer e ficar dependendo dos outros", diz. Assim como ele, é cada vez maior o número de idosos que não abandonam o esporte, mesmo com a chegada da velhice.
Embora com o passar dos anos haja uma diminuição natural das capacidades físicas, como agilidade, flexibilidade, velocidade, coordenação, equilíbrio e força, isso não significa o fim dos exercícios físicos. "Quem sempre praticou esporte tem uma melhor condição física e não sentirá muita diferença com o envelhecimento", explica Fábio Bernardo, professor de educação física do projeto "Parceiro do Futuro" promovido pela Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo.
No Brasil, com a chegada dos 40 anos, as pessoas são consideradas velhas para praticar esportes competitivos e muitas vezes se afastam, como no caso de Raí, ex-jogador de futebol que recentemente decidiu abandonar a carreira. "Esporte não é só competição, é paixão e bem-estar físico", afirma o ultramaratonista Roberto Losada Pratti, 55 anos.
Com ótimo preparo físico, Roberto demonstra durante as maratonas, de mais de 100 km, os resultados de uma vida saudável. Para ele, exercitar-se é o melhor para quem quer fugir de médicos e hospitais. "O que importa é a paixão por esporte, na última maratona que disputei fui 23.º colocado e estou muito feliz." Para os amantes do esporte, ele está no sangue e tem a magia de fazer as pessoas se apaixonarem e criarem um pacto de "até que a morte nos separe".
Prova disto é a Associação dos Veteranos de Basquete do Brasil (AVBB), criada em Fortaleza em 1985, com o objetivo de levar o esporte para vida toda. Na AVBB a idade-limite é para começar, 35 anos, mas o término depende da vontade de cada jogador. "Temos jogadores de 80 anos, a idade passa, mas o basquete não. Este é um exemplo a ser seguido pelos jovens atletas" diz Nilo Machado Pereira, 65 anos, presidente da AVBB. Com sete categorias, a associação vem congregando centenas de jogadores de basquete do passado que teimam em jogar. "Nós, veteranos, nos orgulhamos de ver ainda nas quadras jogadores como o grande Rui de Freitas, com mais de 80 anos; Mayr Facci, com 75; Zenny de Azevedo, o "Algodão", 75 anos; além de outros grandes astros do passado", lembra Nilo Pereira.

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