quarta-feira, março 29, 2006

As Valquírias


Inúmeras são as lendas sobre as mulheres guerreiras, sensuais, fortes, leais a princípios e valores esquecidos e desconsiderados pelos homens. As amazonas gregas de Hipólita, as indígenas também chamadas de Amazonas, que deram nome ao maior estado do Brasil, as Huris, as guerreiras-mágicas celtas e as mulheres samurai. Belas histórias e fazem parte do ideário e imaginário de nossa cultura. As atletas de artes marciais, encarnam, de certa forma, este culto e este mito, lindas e fortes, rompem com os estereótipos de sujeição ao homem. Dentre as histórias antigas as canções nórdicas sobre as valquírias são especialmente fascinantes.
As Valkyrjor (Valquírias), singular Valkyrja (Valquíria), são as deusas da guerra, e como as Nornor (Nornas), são dispensadoras do destino; mas só se ocupam dos guerreiros. Nos campos de batalha, ajudam um vencedor, designam os combatentes que deverão perecer, escolhem aqueles que no Valhöll (Valhalla) farão companhia a Óðinn (Odin).
As Valkyrjor tem freqüentemente inspirado poetas como mulheres guerreiras. Seu nome significa, “escolhedora de mortos”, e são freqüentemente chamadas donzelas-guerreira, donzelas-escudeira, donzelas-cisne (ou virgens-cisne) e donzelas-do-hidromel. Como seus nomes sugerem, elas tem várias funções.
Elas tem a tarefa de selecionar os guerreiros mortos, que perecem na batalha ou em combate, como enfrentando um dragão, etc. Estes guerreiros mortos são conhecidos como os Einherjar, e são escolhidos para lutar ao lado dos deuses no Ragnarök. Os Einherjar esperam pelo Ragnarök, no palácio de Óðinn, chamado Valhöll.
Elas são representadas, muitas vezes, sob a forma de virgens com plumagem de cisnes (as virgens-cisne), capazes de voar através dos céus, carregando os guerreiros mortos para o Valhöll. Elas têm outras tarefas incluindo servir hidromel em chifres ou taças para os Einherjar no Valhöll (as donzelas-do-hidromel). E por fim ajudam ou protegem um guerreiro no campo de batalha (as donzelas-guerreiras e donzelas-escudeiras).
Três Valkyrjor aparecem na Völsungasaga (“A Saga dos Volsungos”) e nas Baladas Heróicas da Edda Poética. Sigrún (“runa-vitoriosa”) casada com o herói Helgi, o filho de Sigmundr. As outras duas Valkyrjor são Brynhild (“brilhante-na-batalha”) e Guðrún (Gudrun) (“runa-da-batalha”), e estas duas são associadas com o herói Sigurðr (Sigurd), um outro filho de Sigmundr. Gúðrun também tem sido associada com Helgi em outra fonte, como a primeira esposa do herói.
Outra valkyrja que aparece nos poemas da Edda Poética é Svava, aquela que se enamorou do jovem herói Helgi, dando-lhe este nome e ensinando-o a falar. Svava porém seria outro nome para Sigrún, que é casada com Helgi, em outras duas baladas da Edda Poética, todas essas baladas seriam então versões diferentes de uma mesma história. Temos ainda, entre essas lendárias cavaleiras, a mais jovem Norn (Norna) chamada Skulðr (Skuld).
Na Völuspá ("A Profecia da Vidente"), da Edda Poética, vemos também descritas suas famosas cavalgadas através dos céus, imortalizada na música do compositor clássico alemão Richard Wagner. Ali seus nomes são ditos: Hrist, Mist, Skeggiold, Skogul, Hild, Þrud, Hlokk, Herfiotur, Goll, Geirahod, Randgrid, Reginleif, Gunn e Rota.
Richard Wagner, o famoso compositor clássico da tetralogia Der Ring des Nibelungen (“O Anel dos Nibelungos”), deu uma origem para as suas Valkyrjor, que seriam então nove filhas do deus Wotan (Óðinn) com a deusa Erda (Jörd), a Mãe-Terra. Aquelas que cavalgam pelos campos de batalha recolhendo os guerreiros mortos, sendo uma delas Brunhild (Brynhild), aquela que foi punida com a mortalidade.
Brynhild é a mais famosa de todas as Valkyrjor. Na Völsungasaga e na Edda Poética, Óðinn pune Brynhild, por auxiliar o rei errado a morrer em batalha. Óðinn então a condena a casar-se apenas com um guerreiro valente e destemido, então ela foi deixada adormecida em um Anel de Fogo, até o valente herói poder atravessar as chamas. Sigurðr atravessou através das chamas, duas vezes. A segunda vez, ela foi enganada para casar-se com Gunnar, o irmão de Guðrún, enquanto o herói casou-se com Guðrún. Por fim ela causou a morte de Sigurðr. Brynhild caída em desgosto, morre na pira funerária de Sigurðr.
Brynhild recebe um nome diferente em uma das baladas da Edda Poética. Na Sigrdrífumál ("A Balada de Sigrdrífa"), Brynhild é conhecida como Sigrdrífa (“estimuladora-da-vitória”), onde ela ensina para o herói a runa da vitória.

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