terça-feira, janeiro 18, 2011

Leandro Guilheiro ganhou prata no máster do Azerbaijão de judô


Nelson Comel

O brasileiro Leandro Guilheiro garantiu a prata para o Brasil, no Masters Mundial de Baku no Azerbijão, evento que reúne os 16 melhores judocas do mundo em cada categoria e distribui pontos para o ranking.

Antes de chegar à decisão, Leandro venceu o alemão Ole Bischof por yuko, o francês Axel Clerget por ippon e o japonês Takahiro Nakai, também por ippon. Na final, o judoca perdeu para o dono da casa Elnur Mammadli por ippon.

Tiago Camilo e Rafael Silva não passaram do quinto lugar no torneio. Luciano Correa e Daniel Hernandes caíram na primeira rodada. No feminino, Maria Suelen Altheman ficou na quinta posição após ter sido derrotada pela eslovena Lucija Polavder. Mayra Aguiar acabou perdendo na estreia para Akari Ogata, do Japão.

FONTE: Paraná-Online

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sábado, janeiro 01, 2011

Retrospectiva 2010 - Livros - Poesia da maturidade



Ano literário tem a presença de obras inéditas dos principais poetas brasileiros. Mario Vargas Llosa recebe o Nobel e prêmios nacionais criam polêmicas vazias

João Paulo - EM Cultura

 Adélia Prado, Ferreira Gullar e Affonso Ávila voltaram a publicar livros inéditos de poesias em 2010. E foram livros excelentes, maduros, que mostram que esses escritores estão em forma e mantêm suas principais obsessões estéticas, éticas e políticas. Adélia está ainda mais delicada em sua metafísica do cotidiano e das coisas do espírito; Gullar exercita poesia sobre poesia sem arrefecer a marca existencial; Ávila persevera em sua pesquisa formal, reinventando a mescla de vanguarda, classicismo e barroco. Para completar a festa poética de alto nível, foi lançada a edição completa da correspondência entre Mário de Andrade e Henriqueta Lisboa, um volume sublime que ensina tanto sobre poesia moderna como sobre a amizade eterna.

A morte de José Saramago nos deixou órfãos do único Nobel da língua portuguesa. A escolha do peruano Mario Vargas Llosa como premiado de 2010 mostrou que a Academia Sueca, desta vez, deixou a ideologia de lado (há uma tendência em premiar escritores de esquerda) e fez sua opção pela arte literária sofisticada e ao mesmo tempo popular do romancista, dono de posições políticas conservadoras. No Brasil, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, concedido a Chico Buarque, criou celeuma que envolveu editoras, escritores e imprensa. Foi um prêmio em que todos saíram perdendo.

Na área da literatura de ficção, o melhor título do ano foi o romance 2066, do chileno Roberto Bolaño. No Brasil, destaque fica para O passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo. Os estudos históricos mantiveram lugar importante, chegando até mesmo à lista dos mais vendidos com 1822, de Laurentino Gomes, um best-seller que recebeu contestações da academia, mas encantou os leitores.

No cenário extraliterário, o assunto do ano foram os novos suportes eletrônicos para leitura. Em meio à cansativa polêmica do fim do livro, muito se escreveu e debateu em encontros literários, que se firmam como a melhor vitrine do setor. Paraty mantém o posto de mais charmoso, Ouro Preto se consolidou como o mais amplo e plural, e a Fliporto, realizada este ano em Recife e Olinda, deslocou o eixo para o Nordeste com boa programação.

Palavra certa

A duração do dia, de Adélia Prado; Poeta poente, de Affonso Ávila; e Em alguma parte alguma, de Ferreira Gullar (foto), foram os três livros que deram dignidade máxima à poesia brasileira em 2010. Adélia, a caçula do trio, aos 75 anos, mantém todas as características de sua poesia: a busca de Deus na simplicidade da vida provinciana; o mergulho na intimidade do tempo, a presença da morte, a força do sofrimento e o júbilo do encontro com o sentido da vida. Affonso Ávila e Ferreira Gullar, os dois aos 80 anos, são exemplos de vitalidade das vanguardas que não abrem mão da força filosófica da poesia nem cessam de indagar sobre os caminhos da palavra. Poesia sobre poesia que se revela filosofia da composição.

Tudo é história

Se o maior sucesso do ano na área da história foi a obra de Laurentino Gomes (foto) 1822, que o autor define como uma “reportagem histórica”, o livro mais importante da temporada foi o clássico Outono da Idade Média, do holandês Johan Huizinga. Lançada em 1919, a obra ganhou edição competente pela Cosac & Naify, com iconografia de mais de 300 imagens. O livro pesquisa as formas de vida, arte e modos de existência de um período que se julgava até então apenas uma preparação para o Renascimento. Ainda no campo dos estudos históricos, dois lançamentos preciosos para compreender o Brasil: O alufá Rufino – Tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico negro, de João José Reis, Flávio dos Santos Gomes e Marcus J. M. de Carvalho; e Fordlândia – Ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Fonda na selva, de Greg Grandin.

Novo Freud

Uma das melhores notícias para quem se interessa pelas ciências humanas foi o início da publicação da nova tradução das obras completas de Freud (foto), a cargo de Paulo César de Souza, pela Companhia das Letras. Foram lançados três volumes, com textos clássicos como Mal-estar na civilização, O caso Schreber e Ensaios de metapsicologia, além de outros trabalhos. É o primeiro projeto de edição integral da obra freudiana a partir do original alemão. A nova versão corrige problemas da Standard Edition, que circulava no Brasil, com traduções indiretas a partir do texto em inglês. O trabalho mantém fidelidade ao original, sem apresentar desvios de interpretação extemporâneos e, o que é melhor, recupera a limpidez do estilo de Freud.

Prosa de invenção

O grande destaque no terreno da ficção ficou com o romance 2066, de Roberto Bolaño (foto – 1953-2003). Um livro com 850 páginas, planejado para ser lançado em cinco volumes, que narra a história de um grupo de intelectuais europeus que buscam no México traços de um autor recluso, Benno von Archimboldi. O livro mescla narrativa filosófica, trama policial, reflexões sobre a literatura e uma crônica desencantada de uma cidade fictícia de fronteira, Santa Teresa, tomada pelo crime e violência. Três outros romances estrangeiros merecem atenção: O grande jogo de Billy Phelan, do norte-americano William Kennedy, que inaugura o Ciclo de Albany; Uma certa paz, do israelense Amós Oz; e O colecionador de mundos, do búlgaro Ilija Trojanow, romance biográfico sobre o explorador Richard Burton.

Ficção brasileira

O romancista e tradutor Rubens Figueiredo (foto) lançou o romance Passageiro do fim do dia, que reafirma sua posição como autor capaz de tratar de temas urbanos com intensa pesquisa social e psicológica. Num trajeto de ônibus em direção a um bairro de subúrbio, o personagem faz uma viagem pessoal cheia de som e fúria, turbulência e injustiça. Nuno Ramos publicou O mau vidraceiro, com textos, fragmentos ou contos que procuram focalizar os detalhes de que é feito o nada. Cristóvão Tezza avançou com seu Erro emocional em direção a uma literatura menos confessional e mais rica de invenção, que destaca a estrutura e a criação de personagens. Marco Luchesi, ensaísta erudito, estreou na ficção com o machadiano O dom do crime. Entre as reedições, o ponto alto fica para Diário do hospício e O cemitério dos vivos, de Lima Barreto.

FONTE: UAI
URL FONTE: http://www.divirta-se.uai.com.br/
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