terça-feira, setembro 28, 2010

Projeto exalta a música e a vida de Chopin para plateia infantil

Mariana Moreira
Publicação: 28/09/2010 08:00

Além de virtuose precoce do piano, o menino Frédéric era uma criança introspectiva, marcada pela morte de uma irmã. Já adulto, adorava encher o apartamento de violetas, as flores preferidas, e andava sempre alinhado, com os melhores cortes da moda. No vasto universo da música clássica, Frédéric ganhou notoriedade pelo sobrenome Chopin. Tornou-se dos compositores eruditos mais celebrados de todos os tempos, de quem se conhece uma infinidade de composições, mas pouco se fala de sua história pessoal. Para aproximar o público infantil desse mito do piano, a produtora cultural Naná Maris montou o espetáculo Chopin para crianças, que será exibido no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e no Teatro Newton Rossi, em Ceilândia, de hoje a 7 de outubro (são quase 20 sessões, a maioria destinada a escolas).

“Chopin é referência para os pianistas, pela dificuldade e pela expressividade”, destaca Naná Maris, que pretende estimular o hábito de frequentar salas de concerto, ainda raro no país. Antes dele, a meninada se deslumbrou com as histórias de Beethoven, Mozart e Grieg. Cada um deles recebeu a homenagem em uma data simbólica e Chopin ganhou versão teatral porque neste ano seu bicentenário é comemorado em todo mundo. Quem topou o desafio de reproduzir as notas do compositor no palco, ao vivo, foi a pianista Francisca Aquino, que será acompanhada pelo violoncelista Guerra Vicente. Cyrila Targhetta e Leandro Lacava narram as passagens biográficas e o ator ainda canta e dá vida ao personagem.

No palco, a história se desenvolve numa amálgama de três expressões diferentes: música, feita ao vivo, dança e atuação narrativa. Ao longo de 50 minutos, o elenco, composto por seis pessoas, revela o lado mágico do compositor em uma atmosfera lúdica, usando figurinos alegres e lançando mão da linguagem de clown, que costuma agradar as plateias mirins. “Criamos brincadeiras em cima das músicas, coreografando momentos da vida dele. Em uma situação em que vai se consultar com médicos, Chopin se vira e revira em uma maca, no ritmo da trilha sonora”, cita a diretora artística e coreógrafa Giselle Rodrigues, também diretora da companhia de dança baSiraH. A vaidade de Chopin, que jamais dispensava seu par de luvas, também é retratada em divertidas trocas de roupa.

CHOPIN PARA CRIANÇAS

Apresentações abertas ao público sábado e domingo, às 16h e às 18h, no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil. Entrada franca. Classificação indicativa livre. Informações: 3310-7087. Sessões destinadas a escolas públicas, de hoje a sexta, no Teatro do CCBB, e de 5 a 7 de outubro, no Teatro Newton Rossi (Sesc Ceilândia).

Coração guardado

O compositor, filho de um professor francês e uma pianista polonesa, nasceu em uma aldeia polonesa, em 1810. Desde pequeno, demonstrou talento e interesse pelo piano, instrumento que aprendeu a tocar sozinho. Ainda criança, foi considerado um “segundo Mozart” pela sociedade polonesa. Depois de uma carreira próspera, deixou o país durante a invasão russa. Ao se estabelecer na França, passou a circular entre nobres e aristocratas e foi referência para muitos de seus contemporâneos. Em meio à elite, conheceu a mulher, a escritora George Sand. Chopin morreu aos 39 anos, de tuberculose. Com medo de ser enterrado vivo, pediu que o coração fosse guardado em uma caixa, até hoje lacrada dentro de uma igreja, na Polônia. O corpo foi enterrado em Paris.

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