sábado, março 28, 2009

Titi Freak, que inspirou personagem da Turma da Mônica, lança livro

Titi Freak, que inspirou personagem da Turma da Mônica, lança livro
Artista ficou conhecido como grafiteiro e já fez parte de grupo de pichação.
Dia nacional do grafite é comemorado, desde 1988, em 27 de março.

Lígia Nogueira
Do G1, em São Paulo

De São Paulo a Tóquio, passando por Londres e Nova York, a arte do brasileiro Titi Freak está espalhada por muros - e galerias - do globo terrestre. Dos quadrinhos ao grafite, os 13 anos da obra de Hamilton Yokota ganham agora uma compilação em livro. Com 200 páginas e tiragem limitada de mil exemplares, “Freak” foi viabilizado, entre outros, pela galeria paulistana Choque Cultural, que representa o artista. Nascido e criado no bairro da Liberdade, na capital paulista, Titi desenha desde criança. Algumas marcas registradas de seu trabalho, aliás, vêm do tempo em que brincava na rua com os cães, ou ficava olhando para a televisão tentando desenhar o Ultra-man ou o Ultra-seven, aos 10 anos “Os cachorros que eu pinto hoje são dedicados a esses amigos que eu fazia”, diz. Não raro as obras de Titi vêm acompanhadas da palavra “sempre”. “Ela representa não deixar nunca as minhas raízes e as coisas que eu amo”, explica. Se hoje ele é considerado um dos nomes mais instigantes da arte contemporânea, isso se deve, em grande parte, à Turma da Mônica. “Eu desenhava muito, e um dia minha mãe me falou para mandar uns desenhos para o Mauricio de Sousa”, conta. “Ele gostou e me convidou na semana seguinte a fazer uma visita e conhecer o estúdio. Acabei ficando por lá mesmo - entrei com 13 anos e saí com 20. Praticamente cresci desenhando todo tipo de quadrinhos.”

“No estúdio do Mauricio eu desenhava todos os personagens, mas um dos trabalhos mais importantes dessa fase foi a transformação da Tina. Ela deixou se ser uma hippie simples para virar uma garotona, toda formosa, entrando na faculdade... Eu e o Aluir Amâncio (outro desenhista) fomos os culpados por isso. E foi nesse meu primeiro emprego que me apelidaram de Titi, também um dos personagens do Mauricio. Ele já existia, mas quando eu virei o Titi, os roteiristas se baseavam na minha vida real, pediam para eu contar como tinha sido o dia na escola e criavam as historinhas.”


Grafite X Pichação

Nos anos 90, Titi foi integrante da gangue Susto’S, que ganhou destaque na mídia recentemente devido a um ataque com spray feito por 40 pichadores (ou pixadores, como eles preferem) no prédio da Bienal, no Paque do Ibirapuera, em outubro do ano passado. Na ocasião, Caroline Pivetta da Mota, 24, foi presa e acusada de se associar a "milicianos" com fins de "destruir as dependências do prédio" e liberada 53 dias depois.

“Para mim, pichação real é na rua, é underground, é de madrugada ou sem ninguém ver. Pichador não quer mostrar a cara, só o nome. O nome da família. Diferente do trabalho que a gente está fazendo; não tem nada a ver um picho com uma moldura em volta. Mas cada um é livre para fazer o que bem entender.”

Ele diz que hoje sua relação com o Susto'S é mais de amizade do que “de rolês”. “Um dos fundadores me convidou para entrar na família e eu aceitei. Ele conhecia meu trabalho e a ideia era ter outras pessoas juntas – DJs, MCs, skatistas -, mas não me considero pichador. Sempre achei que a pichação e o grafite caminhavam juntos, apesar de serem caminhos totalmente diferentes. Os dois são ilegais, são feitos com spray, latex e rolinho, correm o mesmo risco, ou corriam. Hoje o grafite já está bem diferente, há mais liberdade para pintar na rua.”

Se por um lado os grafiteiros já podem se dar ao luxo de pintar um muro em plena luz do dia, eles também estão sendo vistos com outros olhos, dentro das galerias de arte. “Galerias como a Choque Cultural, outras que estão surgindo e muitas que já existiam lá fora mostram o que há de novo e contemporâneo, urbano; o que esses artistas da nova geração estão fazendo. O público se identifica com isso”, opina.

“O grafite está sempre em processo de mudança, está ficando cada vez mais sério. Não sei se isso é bom. Mas, às vezes, sair para pintar sem compromisso e fazer outras coisas na rua me deixa mais próximo do sentimento real do grafite.”

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FONTE (fotos incluídas): G1.com.br - Brazil

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