Cida torneros
O tango e eu
primeiro se olharam
no fundo das pupilas depois se concentraram
com os corpos em harmonia
iniciaram a dança como serpentes
foram se enroscando em sintonia
passos e entre-pernas dolentes
mais olhares profundos trocaram
todo o tempo se embaralharam
um dentro do compasso do outro,
pareciam fora do mundo,
era o tango
em suas almas de bailarinos, os pés,
em perfeição de passos, a sensualidade,
entrega e procura, se enredavam,
casal de dançarinos, sincronia,
era o tango, o tango malandro, o ritmo,
a vida da capital argentina, a noite vadia,
que começava e nem quando terminar se sabia...
Depois, quando a orquestra parou, se agradeceram,
e eu me perguntei onde estiveram durante a dança,
talvez num céu concebido para os que se esqueceram
que embora o mundo seja lugar de tanto desapego,
há o tango, ainda resta o tango, para o seu sossego,
a sua paz, a sua alegria, o seu sentimento,
aí, me fiz também tangueira e bailei meu anseio
nos braços do imaginário compasso por um momento,
fantasiei-me de portenha, busquei meu par, ele veio...
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