17/09/2007 - 10h04
Brasileiros ganham estrutura inédita e alcançam o topo no judô
Brasileiros ganham estrutura inédita e alcançam o topo no judô
LUÍS FERRARI
da Folha de S.Paulo, no Rio
O Brasil passou de coadjuvante a protagonista do judô internacional nos últimos quatro dias. O Campeonato Mundial, encerrado ontem no Rio, teve, pela primeira vez na história, o país no topo do quadro masculino de medalhas.
O título havia sido assegurado antes mesmo da rodada final do último dia, que aconteceria após 20h e tinha a presença de Daniel Hernandes na semifinal.
Mas nenhum outro país tinha condição de alcançar o Brasil no quadro de medalhas, com três ouros e um bronze.
Para atingir o desempenho inédito, a equipe teve como trunfos muito mais que a vibração da torcida na Arena Multiuso. "Temos um autêntico QG aqui", brincou a treinadora da equipe feminina, Rosicléia Campos, ao ser indagada sobre a estrutura montada no Rio.
Não é uma definição pretensiosa. A Folha de S.Paulo teve ontem acesso ao espaço destinado à equipe nacional, que ficou isolada dos demais competidores no palco do Mundial.
Na avaliação da comissão técnica, a estrutura pesou decisivamente para o sucesso.
"As grandes forças do judô costumam ter disputas muito acirradas. O nível é parelho. Tirando o Tiago [Camilo], que ganhou disparado, todas as outras categorias foram disputadíssimas. Os detalhes proporcionaram a diferença a nosso favor", disse Ney Wilson, diretor técnico da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
Enquanto todos os outros atletas ficavam apinhados junto ao tatame de aquecimento esperando a hora de lutar, os brasileiros tinham seu espaço privativo, com tatame de aquecimento isolado.
Mas a diferença não era só a separação geográfica --algo corriqueiro com o time da casa em eventos internacionais.
Os brasileiros contaram, pela primeira vez, com suporte de uma equipe multidisciplinar.
De um camarote no alto da arena, dois cinegrafistas --ambos faixas pretas-- filmavam todos os rivais dos brasileiros.
Simultaneamente, um estatístico, também judoca, destrinchava numericamente as preferências dos rivais. "Ele contabilizava o número de ataques iniciados com um dos braços ou com uma das pernas, por exemplo", explicou Wilson.
Ao todo, foram gravadas 32 horas de lutas, que, além de terem servido para estudar os estrangeiros no Rio, serão usadas na preparação para Pequim.
"Antes das semifinais, por exemplo, tínhamos como avaliar até quatro lutas anteriores dos rivais", narra o dirigente, idealizador de uma inédita mesa-redonda dos tatames.
Os técnicos que trabalham diariamente com todos os atletas nos clubes estavam no Mundial e avaliavam as cenas dos pupilos e rivais em conjunto com a comissão técnica, para tentar orientar a equipe da melhor maneira possível.
O aspecto físico também foi trabalhado com cuidado especial. Com maratonas de mais de 12 horas de competição, a equipe consultou mais do que nunca a nutricionista. "O trabalho dela, no controle de peso, nos cuidados com a hidratação e na definição dos melhores alimentos a serem ingeridos entre as lutas e o momento de fazê-lo foi decisivo", diz Wilson.
Além do costumeiro acompanhamento médico, os brasileiros tiveram à disposição um par de fisioterapeutas. "Isso nos permitiu recuperar os judocas mais rápido. Os dois atuavam simultaneamente."
Não por acaso, os judocas nacionais, que tiveram ainda o suporte de uma psicóloga e de um quiropata (que aliviou também as tensões da comissão técnica) sempre aparentavam estar mais dispostos que os rivais nos combates noturnos, em que se definiram os pódios.
O resultado disso está no topo do quadro de medalhas.
FONTE: A Folha de São Paulo - São Paulo, SP, Brazil
O Brasil passou de coadjuvante a protagonista do judô internacional nos últimos quatro dias. O Campeonato Mundial, encerrado ontem no Rio, teve, pela primeira vez na história, o país no topo do quadro masculino de medalhas.
O título havia sido assegurado antes mesmo da rodada final do último dia, que aconteceria após 20h e tinha a presença de Daniel Hernandes na semifinal.
Mas nenhum outro país tinha condição de alcançar o Brasil no quadro de medalhas, com três ouros e um bronze.
Para atingir o desempenho inédito, a equipe teve como trunfos muito mais que a vibração da torcida na Arena Multiuso. "Temos um autêntico QG aqui", brincou a treinadora da equipe feminina, Rosicléia Campos, ao ser indagada sobre a estrutura montada no Rio.
Não é uma definição pretensiosa. A Folha de S.Paulo teve ontem acesso ao espaço destinado à equipe nacional, que ficou isolada dos demais competidores no palco do Mundial.
Na avaliação da comissão técnica, a estrutura pesou decisivamente para o sucesso.
"As grandes forças do judô costumam ter disputas muito acirradas. O nível é parelho. Tirando o Tiago [Camilo], que ganhou disparado, todas as outras categorias foram disputadíssimas. Os detalhes proporcionaram a diferença a nosso favor", disse Ney Wilson, diretor técnico da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
Enquanto todos os outros atletas ficavam apinhados junto ao tatame de aquecimento esperando a hora de lutar, os brasileiros tinham seu espaço privativo, com tatame de aquecimento isolado.
Mas a diferença não era só a separação geográfica --algo corriqueiro com o time da casa em eventos internacionais.
Os brasileiros contaram, pela primeira vez, com suporte de uma equipe multidisciplinar.
De um camarote no alto da arena, dois cinegrafistas --ambos faixas pretas-- filmavam todos os rivais dos brasileiros.
Simultaneamente, um estatístico, também judoca, destrinchava numericamente as preferências dos rivais. "Ele contabilizava o número de ataques iniciados com um dos braços ou com uma das pernas, por exemplo", explicou Wilson.
Ao todo, foram gravadas 32 horas de lutas, que, além de terem servido para estudar os estrangeiros no Rio, serão usadas na preparação para Pequim.
"Antes das semifinais, por exemplo, tínhamos como avaliar até quatro lutas anteriores dos rivais", narra o dirigente, idealizador de uma inédita mesa-redonda dos tatames.
Os técnicos que trabalham diariamente com todos os atletas nos clubes estavam no Mundial e avaliavam as cenas dos pupilos e rivais em conjunto com a comissão técnica, para tentar orientar a equipe da melhor maneira possível.
O aspecto físico também foi trabalhado com cuidado especial. Com maratonas de mais de 12 horas de competição, a equipe consultou mais do que nunca a nutricionista. "O trabalho dela, no controle de peso, nos cuidados com a hidratação e na definição dos melhores alimentos a serem ingeridos entre as lutas e o momento de fazê-lo foi decisivo", diz Wilson.
Além do costumeiro acompanhamento médico, os brasileiros tiveram à disposição um par de fisioterapeutas. "Isso nos permitiu recuperar os judocas mais rápido. Os dois atuavam simultaneamente."
Não por acaso, os judocas nacionais, que tiveram ainda o suporte de uma psicóloga e de um quiropata (que aliviou também as tensões da comissão técnica) sempre aparentavam estar mais dispostos que os rivais nos combates noturnos, em que se definiram os pódios.
O resultado disso está no topo do quadro de medalhas.
FONTE: A Folha de São Paulo - São Paulo, SP, Brazil
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