quinta-feira, janeiro 28, 2010

Nova editora aposta em textos jornalísticos e estudos literários

TINTA NEGRA - [ 27/01 ]

Nova editora aposta em textos jornalísticos e estudos literários
Cruzeiro On Line

Na cultura oriental, bazar é um tradicional espaço de intercâmbios mas, ao contrário do Ocidente, onde as trocas são puramente comerciais, lá há também a socialização da cultura. Foi baseado nessa filosofia que nasceu a Tinta Negra Bazar Editorial, pequena editora que abre oficialmente suas portas esta semana com grandes ideias: apostar no garimpo de joias pequenas no formato, mas infinitas na qualidade.



"Perseguimos textos e autores interessantes e de nível, que sejam independentes do mainstream da literatura universal", explica a editora Michelle Strzoda. "Uma de nossas metas é resgatar autores brilhantes, muitos inéditos por aqui, outros que estão no ostracismo, bem como textos perdidos. Além disso, vamos privilegiar nichos como literatura hispano-americana, Leste Europeu e uma linha de pensamento, filosófica."


Para marcar sua presença, a Tinta Negra lança seis volumes, dos quais "Lugar" (112 págs., R$ 29), romance de estreia do mineiro Reni Andrade, será lançado nesta 5ª feira (28), a partir das 19 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Trata-se de uma narrativa nebulosa e envolvente em torno de quatro gerações de uma mesma família que convivem com a recusa da memória. O estranhamento inicial, provocado por experimentos linguísticos que transformam as palavras e rompem com regras gramaticais, logo é transformado em sedução, alimentada pela dissecação tanto da palavra como das relações daquela família.


A primeira fornada da Tinta Negra traz ainda "Contos Mais Que Mínimos", coletânea de pequeninos textos da jornalista e escritora Heloisa Seixas; "O Livro da Metaficção", obra de teoria literária de Gustavo Bernardo; "A Vida Literária no Brasil Durante o Romantismo", de estudo do pesquisador Ubiratan Machado; "Comida e Filosofia", primeiro volume da coleção "Trilogia de Epicuro", sobre filosofia e gastronomia e que traz apresentação da chef Roberta Sudbrack; e "Metendo o Pé na Lama", relato pessoal sobre como foi o primeiro Rock in Rio, em 1985, assinado por Cid Castro, publicitário que criou a famosa marca do festival.

A união de textos jornalísticos com estudos literários e culturais vai orientar os passos da Tinta Negra, garante Michelle, apostando especialmente na perenidade dos ‘long sellers’. (Ubiratan Brasil - AE)


FONTE: Jornal Cruzeiro do Sul

http://www.cruzeirodosul.inf.br/

terça-feira, janeiro 12, 2010

Prova aborda impacto de deslizes do cotidiano



12 de janeiro de 2010/N° 16213
REDAÇÃO DA UFRGS

Prova aborda impacto de deslizes do cotidiano

Candidatos foram estimulados a descrever o resultado das infrações do dia a dia na formação da sociedade brasileiraAlém de classificar vestibulandos, a prova de redação aplicada ontem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) poderia ser empregada para selecionar bons cidadãos. Ao abordar o impacto da falta de civilidade no cotidiano, o tema escancara um desconforto vivido por todos e confirmado por especialistas. A constatação é de que os pequenos deslizes estão resultando em grande dano à sociedade brasileira.

O filósofo e professor de ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano testemunhou ontem mesmo a atualidade do tema explorado pelos vestibulandos. Ao chegar a uma agência bancária da capital paulista, percebeu um carro estacionar em uma vaga reservada a portadores de deficiência. Dele, saiu um jovem sem qualquer dificuldade de locomoção.

– A vida coletiva é um inferno no Brasil. Essas pequenas falhas de comportamento, multiplicadas, se transformam em um grande problema para todos – declara o filósofo.

Para Romano, a falta de polidez se tornou uma característica devido à urbanização galopante desde o século passado. A rapidez com que a antiga vida em pequenas comunidades deu lugar à convivência em metrópoles abarrotadas não foi acompanhada pela aquisição de uma cultura urbana adequada.

– Não desenvolvemos novas regras de vida para substituir as antigas normas da cultura caipira – constata.

Esse panorama histórico vem sendo agravado pela sensação geral de impunidade – que cria um ambiente propício ao surgimento de uma epidemia de descortesia e descumprimento de leis. Essa foi uma das constatações que levaram o médico perito José Andersen Cavalcanti Júnior, 55 anos, a escrever um artigo sobre o tema. Publicado em ZH dia 13 de novembro, o texto teve trecho selecionado e reproduzido na prova da UFRGS para reflexão dos candidatos.

– Vejo que as pessoas se indignam com os grandes escândalos de corrupção, com os políticos de Brasília, mas têm dificuldade em reconhecer os seus erros do dia a dia. A impunidade estimula esse tipo de comportamento. Se os grandes não são punidos, por que eu deveria ser? – argumenta.

Essa combinação de fatores torna comum uma série de atitudes prejudiciais para a vida em sociedade, como jogar lixo na rua, fumar em local proibido ou circular com o carro pelo acostamento da via. Cavalcanti Júnior conta que, diante de uma escola de Porto Alegre, costuma abordar pais que param com o carro sobre a faixa de segurança.

– Pergunto se, além de parar em fila dupla, ainda tem de ficar sobre a faixa. Mas sempre respondem que é apenas por um minutinho, ou que precisam pegar o filho.

Para a professora de Ética e Filosofia Política da Unisinos Cecília Pires, atos como esse estão cada vez mais comuns.

– Nunca vi tanta falta de educação como agora. Não sei a que atribuir isso. Mas é perceptível, desde a violência nas escolas até as menores coisas do dia a dia – alarma-se.

Para os especialistas, o caminho até uma sociedade mais sadia depende da educação das novas gerações e da reflexão dos mais velhos – até perceberem que pequenos atos têm grandes consequências.


LEANDRO RODRIGUES E MARCELO GONZATTO


FONTE: Zero Hora
FOTO: Encoded

By: Ben Goossens
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