segunda-feira, abril 14, 2008

Cunha de Leiradella: meio século a gritar liberdade


Cunha de Leiradella: meio século a gritar liberdade

‘Os espelhos de Lacan’, de Cunha de Leiradella, foi a última obra a ser apresentada nesta edição da Feira do Livro. Além do autor, marcaram presença Rui Serapicos, que apresentou a obra, e Fernando Pinheiro, o editor.
Há 50 anos “a dar o grito da liberdade”. — É isto que Cunha de Leiradella “tem andado a fazer através da sua obra literária”, disse na “Tertúlia” da Feira do Livro de Braga, anteontem à noite, o jornalista Rui Serapicos, na apresentação da edição portuguesa — através da ‘Calígrafo’ — do livro ‘Os Espelhos de Lacan’.

Numa sessão que contou com o autor e com uma primeira intervenção de Fernando Pinheiro, enquanto responsável por esta edição portuguesa da obra, ouviu-se que se tornava imperioso “render uma pequena homenagem a Cunha de Leiradella porque temos entre nós um cavaleiro da liberdade, que abandonou a sua pátria precisamente há 50 anos, em Abril de 1958, quando estava a ser perseguido pela polícia política de então”.

As palavras são do já referido Fernando Pinheiro, que justificou, desta forma, a escolha da parte da ‘Calígrafo’ para a reedição desta obra, “comemorando os 50 anos de exílio do autor”.
Falando depois mais concretamente acerca do livro, o jornalista do ‘Correio do Minho’ Rui Serapicos pediu, no entanto, que fosse respeitada a sua própria liberdade ao não contar a história, ao mesmo tempo que respeitava a liberdade do leitor, que não gostaria que a história lhe fosse contada.

Continuava-se, assim, na senda da liberdade, que, aliás, se manteve durante as intervenções e o debate que se seguiu.

Rui Serapicos deixou, porém, “algumas pistas” sobre ‘Os Espelhos de Lacan’. E avisou que “o livro começa pelo fim”. Ou seja, com o anúncio da morte de Eduardo da Cunha Júnior, que é uma espécie de “alter-ego” do próprio Cunha de Leiradella.
Rui Serapicos vai mais além. “Eduardo da Cunha Júnior morre sem se saber porquê. Ou será que nem morreu?. Ou será ainda que morreu mas com outro nome? A morte do personagem é dada pela notícia num jornal”. E — acrescenta Rui Serapicos— “segue-se uma série de especulações sobre quem é Eduardo da Cunha Júnior”. Especulações que decorrem, “principalmente, das pessoas que lhe estiveram mais próximas”.

O que se constata, sublinha o apresentador da obra, é que “estas novas personagens não falam propriamente de Eduardo da Cunha Júnior, o falecido, mas, sim, das relações que tinham com ele”. E é a partir daí que “começa a haver uma refracção” — e daí os espelhos. E mais pistas não foram deixadas.

FONTE: Correio do Minho - Braga,Portugal

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