segunda-feira, março 17, 2008

Transtorno bipolar infantil desafia profissionais da saúde

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Ben Goossens
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Transtorno bipolar infantil desafia profissionais da saúde
17/03 - 00:06 - Agência Estado

Transtorno bipolar infantil desafia profissionais da saúde Por Carlos Lo Prete São Paulo, (AE) - Uma vida de altos e baixos. Um comportamento instável, que combina momentos de agitação e euforia com longos períodos de prostração e desalento.

Sinônimo de sofrimento para os pacientes, o diagnóstico de transtorno bipolar é também uma grande responsabilidade para os familiares e ainda hoje um enorme desafio para os psiquiatras e psicoterapeutas.

Nas últimas décadas, profissionais da saúde acostumados a identificar o quadro bipolar em adultos passaram também a encontrá-lo em crianças e adolescentes. É muito raro em crianças muito pequenas, mas a partir de três anos e meio de idade o transtorno já pode ser eventualmente diagnosticado, com fases depressivas e eufóricas alternadas.

"São crianças desajustadas na sua relação com o meio, inclusive na percepção de si mesmas. A criança num momento se vê muito poderosa e desafiadora, e num outro momento é o extremo oposto, sente-se não inserida e rejeitada", avalia a psicóloga Jonia Lacerda Felício, doutora em psicologia clínica, professora da Faculdade São Camilo e psicóloga chefe do departamento na psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A psicóloga conta que, entre crianças e adolescentes bipolares, o período de euforia traz uma "agitação maníaca marcada por comportamentos bizarros, que incluem atitudes provocativas, desafiadoras e mesmo arrogantes". Na outra ponta, a fase da depressão se caracteriza por um "desalento gravíssimo, com comportamentos autodestrutivos explícitos que podem chegar até a tentativas de suicídio".

Definido o diagnóstico, é importante prevenir novas crises. "Sabe-se que a doença vai prejudicar a longo prazo, uma vez que é cíclica, podendo voltar", ensina a doutora Lee Fu-I, médica do Serviço de Psiquiatria Infantil do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, que atende mensalmente cerca de 150 pacientes infantis com transtorno bipolar."

O tratamento precoce traz uma evolução muito melhor na fase adulta. Você poupa muito sofrimento e a qualidade de vida na fase adulta é muito melhor", alerta a doutora Lee Fu-I. Para crianças, os medicamentos mais utilizados hoje em dia são os estabilizadores de humor do tipo anti-convulsivantes, sendo que entre eles o lítio é considerado padrão "ouro", isto é, o mais indicado de todos.

A intervenção medicamentosa é necessária e produz efeitos. Existem melhoras significativas, porém não é fácil reverter o problema completamente. Mas consegue-se fazer a criança funcionar bem melhor nos seus relacionamentos e nas suas metas, capacitando-a para construir o seu percurso de vida.

Juntamente com os remédios, o tratamento deve incluir também atividades de psicoterapia, tanto para o paciente como para os seus familiares. "O psicoterapeuta tem que falar com a família, não apenas com a criança. A família precisa se capacitar para lidar com a criança", conclui Jonia Lacerda.

Além da psiquiatria e da psicologia, a ação multidisciplinar para tratar a criança e adolescente com transtorno bipolar deve incluir também a pedagogia, para ajudar no desempenho escolar, quase sempre prejudicado em razão da doença.

FONTE: Último Segundo - São Paulo,SP,Brazil

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